Um Momento Contigo (Parte I)

quarta-feira, 2 de maio de 2007



Mentiria se dissesse que não o tinha desejado, que não o tinha ansiado durante muito tempo, embora achasse impossível tal acontecer. Mas a verdade é que durante noites fantasiei com o seu toque na minha pele, como o calor do seu corpo, com o toque quente e suave dos seus lábios nos meus…

Não, claro que nunca o admiti, jamais poderia eu admitir que o corpo falasse mais alto que o coração! Não, ainda hoje não sei bem o que aconteceu, embora não me arrependa de nada, foi um momento bom que aconteceu, porque me haveria eu de arrepender?

Nesse dia a chuva batia forte na minha janela e eu não tinha inveja nenhuma das pessoas que andavam nas ruas com aquele frio cortante, preferia o quente da lareira da minha sala e o aconchego dos meus cobertores, enquanto tomava um chocolate quente que tinha preparado à poucos minutos atrás.

Não liguei a televisão, nem sequer sabia se estava a dar alguma coisa de jeito, simplesmente estava num daqueles dias que até preguiça tinha de ver um filme, preferi ligar a aparelhagem e ouvir umas musicas bem calmas enquanto via a chuva a cair lá fora…. Não conseguia definir o meu estado de espírito, por isso livrei a minha cabeça de quaisquer pensamentos, queria apenas passar uma tarde relaxada para compensar o stress semanal.

Comecei a sentir-me sonolenta e deixei os meus olhos caírem, tinha dormido tão pouco durante toda a semana, ia-me fazer bem dormir um pouco, mas mal os meus olhos se fecharam, minha mente começou a trabalhar…




Eu estava sentada no sofá quase a dormir quando tu apareceste por trás e abraçaste-me… foi tão bom sentir os teus braços a cercarem-me! Lentamente despertei e inspirei fundo sentindo o teu doce perfume.

- Pensei que nunca mais vinhas, esperei tanto tempo por ti… - disse num tom baixo, quase com medo que se falasse mais alto que irias fugir novamente…

Moveste-te ficando à minha frente e levantaste-me do sofá com ternura. Olhei bem no fundo dos teus olhos, naquele azul, oceano, afoguei-me tantas vezes nesse teu mar. Abracei-te com força, com a máxima que podia, não te queria deixar fugir novamente, não eu não podia permitir que isso voltasse a acontecer! Sei que sentiste o meu coração a saltar do meu peito, pois também me abraçaste com força e carinho, e afagaste-me os cabelos.

Não contive uma lágrima, “Tive tantas saudades tuas…” pensei.

Delicadamente pegaste na minha cara, limpaste me as lágrimas e beijaste-me na testa. No meu olhar eu trazia tanta dor, tanto sofrimento da tua ausência.

- Não chores mais, meu Amor, não voltarás a perder-me nunca mais… - voltei a procurar conforto nos teus braços, eu sabia que te voltaria a perder, mas mesmo assim decidi aproveitar o momento, sabia tão bem voltar a estar nos teus braços, sentir o teu cheiro, o teu calor… oh, deixa-me ficar só mais um pouco, só mais um pouco…

Acordei. Fui despertada pelo tocar do meu telemóvel, alguém me tentava telefonar… “Será que…”, pensei, mas esse pensamento foi logo derrubado, eu sabia bem que tu nunca me irias telefonar. Rapidamente confirmei isso ao ver o nome de quem me telefonava.

- Estou… - minha voz parecia sufocar, aquele sonho tinha-me deixado sensível e frágil. Ouvi atentamente a voz do outro lado tentando esquecer o que tinha sonhado. Depressa o meu estado de espírito mudou. – Espera só um pouco, vou já para ai!

Calcei as minhas botas, vesti um casaco bem quente, agasalhei-me o máximo que pude, peguei no guarda-chuva, meti o telemóvel ao bolso e segundos antes de sair, respirei fundo… Não me apetecia nada enfrentar o frio que se fazia sentir lá fora, mas não tinha outra escolha.


(Continua...)

 
by TNB